Descrição
A Rota do Calcário, pequena rota circular, com cerca de 10 km de extensão, insere-se no projeto transversal “Mar e Zonas Dunares” da CIM-RC e pretende valorizar o contributo que a exploração da pedra calcária teve na economia local e na moldura da paisagem rural das freguesias de Ançã e Portunhos/Outil, no concelho de Cantanhede.
Sugere-se que inicie este percurso junto ao Posto de Turismo de Ançã. A realização desta rota, de cariz eminentemente interpretativo e educativo, permite a observação direta das pedreiras, para perceber como a pedra era extraída, visitar antigos fornos de cal, aprendendo sobre o processo de trans-formação da pedra através da cozedura, e testemunhar a sua aplicação no contexto urbano. Comummente designada por “Pedra de Ançã”, a pedra calcá-ria de Cantanhede desempenhou um papel determinante na história da escultura portuguesa, durante os séculos XIV, XV e XVI e tem contribuído, desde então, de forma consis-tente, para o desenvolvimento económico e artístico de toda a região, enquanto matéria-prima com qualidades arquitetó-nicas (cantaria) e esculturais. Considerada como pedra muito
alva e de fácil talha, das oficinas de Coimbra e seus arredores,
onde afluíam os mais talentosos lavrantes, canteiros e escul-tores saíram, ao longo dos séculos, peças de arte que deco-ram altares religiosos em todo o país e nelas trabalhou o maior nome da estatuária portuguesa do Renascimento - João de Ruão.
A pujança da arte escultórica atingiu tal relevância que levou à criação de um estilo próprio, conhecido por “Renas-cença Coimbrã”. Localmente, o testemunho dessa impor-tância é visível por todo o concelho e, ao longo do percurso, nas povoações de Ançã e de Portunhos, através da aplica-ção desta pedra trabalhada nas fachadas das casas, servindo tanto de revestimento como de decoração, sendo também utilizada nos elementos de arte escultórica existentes um pouco por todo o lado. O percurso é também valorizado pela inclusão da Ribeira de Ançã no seu traçado. Este elemento natural constitui um importante aquífero para a região, tendo permitido, em
tempos idos, a ligação fluvial ao rio Mondego, e o desenvolvi-mento da mancha arbórea de pinheiro-bravo, pinheiro-manso e carvalho-cerquinho, de espécies tipicamente calcícolas como o carrasco a esteva, o sanganho, o lentisco, o sanguinho-das--sebes, a roselha-grande e alguns exemplares notáveis de sobreiros. Na margem da ribeira de Ançã podem contem-plar-se várias espécies ripícolas, como salgueiros, amieiros, freixos e pilriteiros, que formam pequenas galerias contí-guas a campos agrícolas e olivais. Ao nível da fauna, será possível observar um grande leque de espécies, como a rola-comum, o pombo-bravo, o melro, a gralha-preta, a perdiz, o milhafre-negro, o sardão, a lagarti-xa-do-mato ou a raposa.