Descrição
O
Percurso/Trilho do Lobo Atlântico é um percurso pedestre denominado de
pequena rota. As respetivas marcações e sinalizações obedecem às normas
internacionais. O percurso desenvolve-se no coração da serra d’ Arga,
por terras dos concelhos de Ponte de Lima e de Caminha, proporcionando o
contacto direto com o património, costumes e tradições associados às
zonas de montanha. Iniciamos o percurso, em Ponte de Lima, no lugar do
Cerquido, freguesia de Estorãos, mais precisamente junto à capela onde
se venera Santa. Rufina. Esta Santa é irmã de Santa. Justa, que também
pode ser venerada na mesma serra, a cerca de 2 Km.
O lugar do Cerquido é caraterizado
por uma paisagem de montanha, com o granito que se estende até à Senhora
do Minho, os socalcos tradicionais, o casario, as ruas e os ribeiros
que a atravessam. Com uma localização geográfica privilegiada, nas
encostas da serra d’Arga, o lugar é ainda ponto de visita obrigatório
para os amantes da natureza bucólica.
Nas áreas que suavizam as vertentes
mais declivosas da imponente serra d’Arga, nomeadamente nas zonas
aplanadas associadas ao lugar do Cerquido e aos lugares de Arga de Cima,
que teremos oportunidade de percorrer, seremos confrontados com o
modelo de povoamento típico das serras do Noroeste português, cuja base
económica assenta na exploração agro-silvo-pastoril do território.
Saindo da ermida, viramos à esquerda e seguirmos por um caminho
empedrado para nos embrenharmos no núcleo rural. De seguida subimos pelo
caminho empedrado até desembocar na estrada asfaltada, seguindo em
frente pelo caminho empedrado. À medida que vamos ascendendo, em direção
a oeste, vamos deixando para trás o majestoso Vale do Lima.
Chegados ao topo, podemos
contemplar uma zona de chã, onde é normal avistar gado, nomeadamente
garranos, uma das três raças nacionais de equinos. O garrano, que aqui
pode ser contemplado em estado selvagem, é considerado por muitos a
figura mais emblemática da biodiversidade milenar do Noroeste de
Portugal. Seguimos para a Porta do Lobo, a cerca de 800m de altitude,
zona onde habitualmente o lobo descia para a freguesia de Arga de Cima, e
mesmo antes de alcançarmos a comunidade de montanha daquela freguesia,
pertencente ao concelho de Caminha, avistamos os Moinhos do Covão, ainda
em excelente estado de conservação.
Saindo do lugar, passamos por uma
pequena cancela e seguidamente por um caminho rodeado de carvalhos e
outras espécies arbóreas que nos encaminha até às ruínas do lugar de
Reconco. Um pequeno lugar que, até há bem pouco tempo, tinha apenas um
único habitante. Seguindo o percurso, passaremos pela antiga casa do
guarda-florestal, no Alto do Cavalinho, e somos confrontados com os
vestígios do antigo Fojo de Lobo, um elemento do património civil raro
na serra d'Arga. A estrutura de arquitetura popular, com paredes
convergentes em forma de "V", servia para capturar e abater o lobo. Após
a morte, o mítico animal, outrora conhecido por "besta”, era exibido
nas aldeias da serra, mostrando à população o ser que os amedrontava. Na
serra d’Arga, existe uma pequena alcateia e com frequência o lobo é
avistado por estas paragens.
Daqui iniciamos a descida por um
velho caminho, junto a uma ravina que nos levará até ao lugar de
Cerquido, para posteriormente seguirmos até ao lugar onde teve início
este percurso.